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Não posso perder quem sou. Não perderei. Sou isso. Ou não sou nada.

Posso me transformar, mas aquela chama que se assusta, permanece. Não perco. Não apago. Sou eu. Sou gostos, sabores, cozinha. Sou páprica: picante e doce, defumada. Sou arte: barroca, modernista, atemporal. Sou medo do tempo que passa.

Não perco a essência da loucura que me torna única. Sou eu. Sou a mãe que desceu do pedestal da perfeição. Sou a que demora a entender, mas deixa ir...faz parte do amor. A risada solta, desajeitada, com gengivas aparecendo...é minha! Junto com as mãos abanando e abraços apertados, são meus!

Sou a que grita primeiro para defender o que é justo mas que abre mão do que é "seu por direito" se pedido com carinho. Sou eu...a que corre mas chega atrasada, que ora e entrega, mas não deixa de ir atrás. A que não lava aos mãos e dá de ombros...mas que insiste até o último suspiro, que acredita. A que não dá até breve, só capricha nos "adeus" dramáticos.

Sou o galho que balança, mas não se quebra. Sou eu: a possível, inteira, inconstante, humana. 

Prazer, Lilian Sá.

 

(Londres, 11/08/2017)